Março é um mês onde muitos trabalhos escolares começam a encher a agenda dos alunos e as bibliotecas costumam ser a salvação para eles. Em março também é comemorado o Dia do Bibliotecário (dia 12), tema abordado pela Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo especial de março de 2007. Então, nada melhor do que falar sobre bibliotecas neste espaço!
Apesar de alguns afirmarem que as bibliotecas podem acabar no futuro, visto que a internet oferece todo o tipo de informação de forma rápida, é preciso lembrar que nem todos têm acesso a ela. É verdade que o número de pessoas que a acessam é cada vez maior, mas ainda há muito o que fazer. A PNAD 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada no final de 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que, entre 2005 e 2009, o número de usuários de internet cresceu 112,9%. O maior percentual de usuários está localizado na região Sudeste, enquanto que em regiões como o Nordeste, o acesso - embora crescente (da ordem de 20%) - é menor ainda do que no Sudeste.
A biblioteca pública ainda é um dos locais mais democráticos para se ter acesso a informações. Não é preciso pagar para consultar ou emprestar livros, DVDs ou CDs que, normalmente, teriam um custo alto demais para grande parte da população, caso tivessem que ser comprados em livrarias ou lojas. Muitas vezes, com a ajuda dos programas de governos e ONGs, as bibliotecas – em sua maioria, públicas ou comunitárias - têm conseguido compartilhado seus espaços com ambientes de acesso gratuito à internet.
Além disso, muitas bibliotecas públicas não se limitam a apenas abrir as portas e emprestar materiais aos seus usuários. Você pode ir à biblioteca para assistir a sessões de filmes, a encenações peças de teatro, a palestras, participar de saraus, contação de histórias, fazer algum curso.
5 curiosidades sobre bibliotecas
1 - As bibliotecas são todas iguais?
Apesar de todas terem mais ou menos o mesmo layout (estantes cheias de livros e revistas), elas são diferentes entre si. Essas diferenças tem a ver com o tipo de acervo predominante e o público-alvo (perfil do público que mais frequenta a biblioteca). De forma geral, as bibliotecas podem ser:
- Bibliotecas escolares: localizadas nas escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio. Seus acervos abrangem materiais para pesquisa escolar, livros didáticos e paradidáticos, infantis e infanto-juvenis.
- Bibliotecas universitárias: localizadas em faculdades e universidades. Seus acervos devem levar em consideração as bibliografias dos cursos que são oferecidos nas instituições. O MEC - Ministério da Educação avalia periodicamente a qualidade dos acervos dessas bibliotecas.
- Bibliotecas públicas: são mantidas pela administração pública e seus acervos atendem a todos os perfis: de crianças a adultos. Por essa razão é possível achar “de tudo um pouco”.
- Bibliotecas especializadas: são aquelas voltadas a temas mais específicos: meio ambiente, artes, indústria, etc. Geralmente estão ligadas a instituições de pesquisa ou mesmo empresas, servindo de apoio a funcionários ou pesquisadores internos. Como são materiais com maior grau de especialidade, costumam receber pesquisadores de fora também.
- Bibliotecas comunitárias: criadas por iniciativa de pessoas físicas ou por comunidades carentes de iniciativas culturais e não pelos governos; elas acabam tendo apoio dos moradores e empresários da região e de entidades sociais.
Não podemos nos esquecer das bibliotecas na internet. Geralmente são chamadas de bibliotecas digitais e bibliotecas virtuais. Elas, via de regra, não são a mesma coisa. Veja só:
- Bibliotecas digitais: disponibilizam conteúdos que existem no mundo real. Ou seja: lá você encontra a versão digital e integral de livros e monografias que existem em versão impressa. E isso com os devidos direitos autorais em dia.
- Bibliotecas virtuais: disponibilizam conjunto de links e conteúdos, disponíveis somente na internet, sobre determinados assuntos.
2 - Por que pedem para não recolocar os livros na estante, depois que eu os uso?
Porque os funcionários adoram ter trabalho a mais para fazer? Não. Muitas bibliotecas adotam como um dos métodos para verificar o uso dos itens do acervo. Contabilizando o que foi retirado das estantes, tem-se uma ideia dos assuntos e livros mais acessados. Deixar a recolocação a cargo da própria biblioteca garante que os livros sejam devolvidos ao seu próprio lugar, na ordem correta, sem ter o perigo de ficar “perdido” no meio do mar de livros. Até porque a ordem segue regras especiais, como veremos a seguir.
3 - O que querem dizer aqueles números e letras de localização nas lombadas dos livros?
Quando você faz a pesquisa por um livro, seja no computador ou nas famosas fichinhas de arquivo, encontra um código de localização que, em princípio, lhe permitirá encontrar o livro na estante. Você anota:
869.933
A368i
E se pergunta: “o que isso tudo quer dizer?!”. Bem, para desvendar logo o mistério, esse emaranhado de números e letras corresponde ao livro Iracema, do escritor brasileiro José de Alencar, conhecido de muitos estudantes brasileiros. Mas, hein? Explicamos:
O número “869” corresponde, genericamente, à literatura portuguesa; “869.9”, à literatura brasileira; “869.93” a “romance brasileiro”. E, finalmente, “869.933” a um romance da literatura brasileira do período romântico (final do século XIX). Engenhoso, não? Essa intrincada codificação é chamada de classificação (maneira de dar assuntos aos conteúdos) e tem, na prática, a missão de ordenar os livros e demais materiais nas estantes, de modo que seja sempre possível reencontrá-los quando necessário. A classificação acima veio da CDD - Classificação Decimal de Dewey.
Com o “A368i”, podemos definir que é o livro de Alencar. O “A” corresponde à primeira letra do sobrenome do autor (nesse caso, Alencar). O “368” vem de uma tabela específica de regras para sobrenomes de autor - chamada Tabela Cutter - e corresponde a “Alen”; então qualquer sobrenome que se aproximar dessa partícula pode ganhar esse número. “i”, assim minúsculo mesmo, corresponde à primeira letra do título do livro, onde artigos e preposições são ignoradas (Iracema).
A CDD - Classificação Decimal de Dewey (ou DCC - Dewey Decimal Classification, em inglês) foi criada em 1876 pelo estadunidense Melvil Dewey (1851-1931). O então jovem assistente bibliotecário da Amherst College (Massachussetts) criou um sistema que tinha como objetivo organizar todo o conhecimento do mundo em 10 grandes classes temáticas.
000 - Obras gerais. Generalidades (aí entram dicionários e enciclopédias)
100 - Filosofia (inclui também a Psicologia)
200 - Religião
300 - Ciências Sociais (Direito, Administração, Educação, Antropologia, entre outras)
400 - Linguística
500 - Ciências Puras (Matemática, Física, Química, Biologia, Zoologia, entre outras)
600 - Ciências Aplicadas (Medicina, Engenharia, Tecnologia, entre outras)
700 - Artes e Divertimentos
800 - Literatura
900 - História
Cada classe pode ser desdobrada em outras subdivisões e seções - que também seguem a lógica decimal - a fim de que o tema seja cada vez mais específico. Se você se deparar com um baita número, pode apostar que a classificação tentou ser bem minuciosa. É claro que, em pleno século 21, a ideia de tentar abarcar todo os assuntos do mundo, em um sistema de classificação, parece bastante ingênua. Novas temáticas são criadas, outras se fundem e algumas outras caem em desuso ou são alvo de questionamentos. E é assim que o conhecimento humano se desenvolve... Ao menos, a CDD (e outros sistemas como a CDU - Classificação Decimal Universal e a LC - criada pela Library of Congress) acaba tendo utilidade na organização das estantes das bibliotecas. Os livros são ordenados nas prateleiras seguindo a ordem da sua classificação (ordem numérica) e alfabética (ordem das letras dos autores e títulos), da esquerda para a direita, de cima para baixo.
4 - Já ouvi falar que na biblioteca eles “tombam” os livros. O que isso quer dizer?
Não tem relação com nenhum ato de violência contra os livros, nem com reações de estresse laboral. “Tombar”, no jargão do mundo das bibliotecas, significa dar um número de registro logo que um novo livro entra no acervo. Tal como um “R.G.”, esse número individual acompanha o livro para todo o sempre. Geralmente, você pode observar o número de tombo na folha de rosto do livro (a primeira página onde houver todos os dados referentes a ele, como: título, autor, editora, ano de publicação) e na página 100. Se quiser fazer um teste, tente abrir qualquer livro de uma biblioteca na página 100, e você encontrará o número de tombo.
5 - Qual foi a primeira biblioteca do mundo? E qual a primeira do Brasil?
É difícil dizer qual foi a primeira biblioteca a ser criada no mundo, até porque as bibliotecas já existiam antes mesmo do tipo de livro que conhecemos hoje em dia. Os povos antigos (babilônios, assírios, egípcios, persas, chineses, gregos, etc.) já reuniam seus acervos de documentos e escritos registrados em placas de argila, papiros e pergaminhos. Segundo os historiadores, uma das bibliotecas mais antigas que se tem notícia é a Biblioteca de Nínive, capital do Império Assírio (onde está localizado o Iraque atualmente), também conhecida como Biblioteca de Assurbanipal - rei da Babilônia no século 7 a.C. A biblioteca - construída no próprio palácio do rei - era composta por tábuas de argila e tinham como assuntos religião, magia, história, astrologia, catálogos de plantas e de animais, mapas e outros.
Porém, a mais famosa biblioteca do mundo antigo foi a Biblioteca de Alexandria, no Egito. Acredita-se que ela tenha sido fundada no século 2 a.C., durante o reinado de Ptolomeu II. Podem ter existido mais de 700 mil volumes, abrangendo obras importantíssimas da Antiguidade, que desapareceram com o tempo e com os diversos incêndios e ataques que trouxeram seu fim definitivo no século I a.C.
Em 2002, foi inaugurada uma grande biblioteca no mesmo local da antiga Biblioteca Alexandrina, como uma homenagem à primeira.
No Brasil, a primeira biblioteca instituída oficialmente foi a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, cujo acervo inicial (70 mil “peças”, segundo o site da Biblioteca Nacional) foi trazido por D. João VI na sua fuga ao Brasil, em razão da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, em 1808. A data de 29 de outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da biblioteca que, no entanto, só foi aberta ao público em 1814. Antes disso, só existiam as bibliotecas particulares e as dos conventos, onde o acesso ao público era fechado.
Guia das Bibliotecas Públicas do Estado de São Paulo
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Fonte: Biblioteca Virtual
http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/201103-bibliotecas.php
Imagens: Internet
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