A discussão sobre o futuro do livro começa no passado, mais precisamente no ano 3.500A.C, data do primeiro registro de escrita humana, quando os sumérios cunhavam livros em pedras.
Em seguida, vieram os livros feitos em rolos de papiros dos egípcios e em folhas de palmeiras, dos indianos. Maias e Astecas faziam livros em forma de sanfona, de um material existente entre a casca e o cerne das árvores.
Os chineses utilizavam rolos de seda e os romanos, tábuas de madeira cobertas com cera. Só mais tarde, com a chegada do papel, já conhecido na China, à Europa e com o invento da prensa de Gutenberg, em 1450, o livro impresso espalha-se pelo mundo.
Desde a civilização suméria, o livro evoluiu muito até se tornar o que é hoje. É natural que continue a evoluir, mas até que ponto?
Transcorridos centenas de anos sem mudanças radicais, o modo de contar o mundo está em processo de ruptura novamente. Depois das histórias orais, passadas de geração em geração, dos manuscritos, dos impressos, o livro está em vias de sofrer uma mutação tecnológica que é compreendida por alguns como sua morte e por outros, como um grande salto em sua trajetória.
Um dos objetos de maior prazer cultural pode ganhar de vez o mundo abstrato, deixando de lado a textura e o perfume das páginas impressas, porém ganhando muito em interatividade e acesso.
Os apaixonados por livros garantem que, ao contrário dos vinis e vídeos-cassete, os livros não serão modificados pelo avanço tecnológico. Contudo, essa transição, de forma gradativa, dar-se-á a partir da “geração informática”.
As crianças e jovens de hoje já estão imersos nesse mundo que oferece, entre outras coisas, livros na internet. É uma geração que, em razão do ensino público de má-qualidade e do fortalecimento do coloquialismo em nosso meio, pode crescer sem se apaixonar pelos exemplares impressos, tornando-se consumidora de uma literatura que se utiliza do universo áudio-visual para se aproximar dos leitores.
O mercado editorial pode esbravejar, mas essa é a tendência. Os consumidores brasileiros são os que ficam mais tempo conectados.
Pesquisas demonstram que o computador já superou a televisão como fonte de entretenimento. No mundo há mais de 1,5 bilhões de internautas. No Brasil, 65 milhões tiveram acesso à internet nos mais diversos ambientes (residências, trabalho, escolas, lan-houses, bibliotecas e telecentros) durante o segundo trimestre de 2009.
Apesar das dificuldades econômicas e problemas de infra-estrutura, o Brasil possui metade dos usuários da América Latina e já é o quinto país do mundo em número de internautas.
Nos EUA, aparelhos como o Kindle, da Amazon, têm muitos adeptos. E uma versão desse aparelho será comercializada agora no Brasil. A gigante Google, por meio do projeto Google Book Search (GBS), já escaneou mais de cinco milhões de documentos.
A pretensão é tentadora: todos os livros do mundo ao alcance de um toque. E muitos poderão ser lidos de forma gratuita. Esse amanhã guarda muitas novidades, já que grande parte dos consumidores de mídia produz seu próprio conteúdo de entretenimento.
Poderemos contar, inclusive, com uma pluralidade muito maior de escritores. A digitalização pressupõe a descentralização do mundo, viabilizando novos talentos. Além disso, há o discurso ecológico de que esse tipo de mídia contribuiria para a construção de um planeta sustentável (milhões de árvores seriam salvas).
Para que carregar, manusear e guardar livros se há a possibilidade de se ter inúmeras obras armazenadas no computador ou acessadas por meio de celulares. A lógica seria: mais livros por um preço bem menor.
O barateando da leitura implicaria em um número maior de leitores. O futuro já chegou e faz-se necessário investir na literatura virtual, de modo que os brasileiros possam superar a vergonhosa média de leitura (os brasileiros lêem 1,3 livros por ano por vontade própria, sem ser obrigados por escolas ou universidades).
Para continuar existindo, o livro terá de se adaptar à digitalização do mundo. Não há como resistir a uma geração totalmente digital.
Depois de Gutenberg, sem dúvida, o livro virtual é a maior revolução em termos de democratização do acesso à leitura. Um produto que sempre foi símbolo de status social, econômico e cultural está prestes a ficar mais acessível.
Por meio dos investimentos crescentes em internet, inclusive com programas de inclusão digital, um aluno da periferia poderá ter a mesma formação literária de um estudante de poder aquisitivo elevado. É por essas e outras que, independentemente de seu formato, o livro continuará mágico.
Texto recebido e publicado pelo Grupo Bibliotecários e enviado pelo Valdo .
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