Ainda não se sabe com certeza absoluta, porém, a primeira escrita apareceu na região entre os rios Tigres e Eufrates, na Mesopotâmia, locais onde surgiram as primeiras civilizações urbanas, cidades de Lagash, Umma, Nippur, Ur e Uruk, entre o sexto e o primeiro milênio a C.
Estas civilizações estavam formadas por pequenas comunidades sob a autoridade de um soberano e ante a necessidade de controle administrativo surgem os primeiros registros da escrita que foram os registros contábeis relacionados com as quantidades de sacos de grãos ou cabeças de gado. Este tipo de contas estava reservada a um grupo privilegiado: os escribas, que ocupavam também importantes cargos sacerdotais. Esses registros contábeis realizavam-se sobre tábuas de argila, que uma vez escritas, eram secas ao sol. Utilizavam para escrever, objetos de metal, osso e marfim, largos e pontiagudos em uma das extremidades e de outra, plano, em forma de paleta com a finalidade de poder cancelar o texto, alisando o material arranhado ou errado.
Em princípio, as tábuas só serviram para registros contábeis, posteriormente foram utilizadas para inscrições votivas, comemorativas, narrações históricas, relatos épicos, exemplo disso são as estrelas babilônicas e o código de Hammurabi e o poema de Gilgamesh, estes elaborados com material muito mais duradouro.
Essas informações chegaram até nós, em virtude do descobrimento da biblioteca de Ebla (cidade próxima a Ugarit), que constava de duas salas.
Uma onde se encontravam os documentos administrativos, legais, históricos e religiosos e outra onde encontravam os documentos econômicos. As tábuas estavam guardadas em cestos e caixas de madeira ordenadas com inscrições para poderem ser localizadas.
O mais extraordinário das primeiras escritas é que elas puderam adaptar-se à outras línguas: suméria, acádia, hitita e persa. Assim, entre o terceiro e primeiro milênio a C. a escrita cuneiforme extendeu-se até o sul da Palestina e o norte da Armênia, sem esta extensão teria sido impossível decifrá-la.
Do Livro Egípcio aos nossos Tempos
Os estudos tradicionais consideravam o Egito como o berço da escrita, porém hoje está claro que a escrita sumeria é anterior a esse tempo.
O problema não revelou a origem da escrita egípcia. Se por um lado diz-se que foi uma criação original, nascida da necessidade de resolver os problemas de uma completa organização social, outros dizem que deriva dos Sumérios. O sistema egípcio reproduz quase que totalmente a língua falada, reflete realidades abstratas e concretas. Era formada por três tipos de signos: pictogramas (desenhos que representam coisas), fonogramas (desenhos que representam sons) e outros signos determinantes.
A maioria das vezes lia-se da esquerda para a direita, outras vezes uma linha da esquerda para a direita, e a seguinte da direita para a esquerda, a leitura estava indicada pela orientação das cabeças de homens e pássaros, porém as vezes a representação de um Deus trocava o sentido da leitura, o qual ficava muito complicado. Além dessa, existiu mais dois tipos de escrita: a hierática ou sacerdotal, estilizada e usada em papiros religiosos e oficiais e a demótica, também chamada de escrita do povo.
Podemos dizer que os egípcios foram os que introduziram ao mundo clássico a forma material do livro, o uso do papiro em forma de rolo, o emprego da tinta e a utilização das ilustrções como complemento explicativo do texto.
Em seguida, tem-se o nascimento do Alifato nas costas do oriente mediterrâneo (Síria, Fenícia e Palestina) que divide-se em dois subgrupos: o fenício que derivou o alfabeto grego e os demais ; e o aramaico., derivando o hebreo e o árabe, tendo esta última uma incidência decisiva na nossa história, já que ela transcreveu alguns textos dos livros do Antigo Testamento.
A partir do século IX aparece o alfabeto grego com 24 letras incluindo as vogais. Porém, somente na época clássica, no chamado século de Péricles, quando extende-se a produção e comércio de livros, generaliza-se a leitura individual. Graças as obras filosóficas e teatrais a leitura se expande e acelera-se a produção e comércio de livros na Grécia, com notícia da existência de célebres bibliotecas públicas e privadas. No ano de 550 a C. , o tirano Pisístrates construiu uma biblioteca pública e a célebre biblioteca de Aristóteles, nascido em 384 a C , foi transferida para a biblioteca de Alexandria após sua morte.
Do livro romano, assimilando os frutos da civilização grega, pouco têm-se a comentar, somente o tipo de escrita utilizada, denominada letra capital ou maiúscula, utilizada desde o século III a C até o século VI d C, sua decoração em forma de pequenos quadros com certas reminicências da técnica iconográfica das pinturas murais de Pompéia.
Em seguida, a história do livro mostra-nos os Códices, sua forma de utilização, seus elementos decorativos, e sua produção. O Códice do vacábulo latino-codex, significa "fragmentos de madeira", um conjunto de lâminas de qualquer material unidos entre si por anéis ou tiras de couro e protegidas por uma capa, sendo que seis rolos eram igual a um Códice.
Surgiu-se a partir desse período, o Códice Bizantino e a iluminação bizantina que abrange os séculos IV-V, declinando com o apogeu da iluminação ocidental, com cores mais tênues e foscas. A encadernação bizantina tendo como características principais capas cobertas com materiais de luxo, couro, seda e brocados, chegando até ao uso de metais preciosos.
Com a queda do Império romano, a produção de livros teve uma lenta evolução, culminando com as invasões bárbaras, no século V, desaparecendo a aristocracia culta e dedicada aos estudos, em consequência, há um grande empobrecimento e uma grande ruralização, aumentando o analfabetismo e surgindo o monaquismo, com o objetivo de fomentar a austeridade cristã através dos ideais ascéticos e da vida eremita, sendo marcada pela ordem beneditina, criada por Benito de Nursia, no século V, no Mosteiro de Montecasino.
Os temas eram religiosos. Todos os mosteiros tinham um exemplar da biblia, geralmente em grande formato e as vezes ricamente decoradas. comentários bíblicos e os salmos e evangélios, obras dos padres da igreja (São Augustinho, São Gregório e Sào Isidoro) e algum texto clássico que os monjes utilizavam para praticar a língua latina.
Com a invasão muçulmana no ano de 711, a Espanha e toda a Europa provoca a convivência de três culturas livreiras: dos reinos critãos ou mozárabe, islâmica e a hebraica, que se estende até o século XII. Neste período, as ilustrações são ricas, pois pretendiam dar um ensino visual, já que as pessoas não sabiam ler e também porque eram personagens importantes, os desenhos são toscos, puramente românicos, sem perspectivas, porém são brilhantes e coloridos
A partir do século XII, a Europa se expandiu e a vida cultura se deslocará dos mosteiros. Em meados do século XIII, estavam funcionando várias universidades: Paris, Montpellier, Oxford, Cambridge, Bolonia, Salerno, Palencia e Salamanca.
O ensino era em latim e o instrumento básico era o livro. Devido ao desenvolvimento criado por essas universidades, houve a necessidade de dispor novos textos corretamente escritos em um menor tempo possível e a baixo preço, criando a figura do estacionário, pessoa encarregada de conservar os exemplares, fazendo com que a difusão fosse realizada com a máxima fidelidade possível. As cópias eram feitas pelos próprios estudantes ou confiadas aos encadernadores , que existiam geralmente ligados as universidades.
Começa a ser criada a profissão dedicada a confecção de livros, onde se desenvolve o ofício das artes aplicadas: caligrafia, iluminação e encadernação. A partir daí, o livro passa a se converter em um objeto de ostentação, criando-se verdadeiras obras de arte com a colaboração dos mais destacados artistas da época onde o texto é relegado a segundo plano.
Em fins do século XIII, começa uma das revoluções mas transcendentes da história do livro: a aparição do papel. A produção do papel será com trapos de linho e cãnhamo. Os materiais que predominam na encadernação são peles, que procuram conservar seu valor natural. A decoração completa-se com um traçado de três filetes grossos em meio dos quais estampam-se os ferros a frio, formando quadros que eram marcados com figuras de santos, emblemas, flores estilizadas e folhas.
Entre o século XIII e o XV, se desenvolve em toda a Europa a encadernação gótica e durante todo século XVI, os manuscritos são luxuosos, convivendo com livros populares com o objetivo de satisfazer todos os gostos e necessidades.
Com a aparição do papel, material muito mais barato, a nova tecnologia foi batizada com o nome de "Galaxia Gutenberg" e o manuscrito será uma forma de arte e produto exótico frente a obra mecânica que o tempo se encarregará de converter o invento na maior revolução da história da cultura.
Extraído do trabalho "De Ebla na Mesopotâmia - à virtualidade: uma trajetória para a preservação da imagem do mundo. Apresentado no VI Ciclo de Estudos em Ciência da Informação/CECI. Rio de Janeiro, out., 1998.
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